domingo, 31 de maio de 2009

Magical Mystery Tour - Capítulo 3

Anna (Go To Him)

-Eu te liberto.
-Como é que é?
-Já disse, eu te liberto.
-Você só pode estar brincando comigo, Billy. Eu não acredito nisso!
-Anna, você vem e me pede, garota. Para eu te libertar, garota. Não é que quer? Eu te liberto.
Billy encara sua (ex)namorada com um sorriso sarcástico no rosto voltando a tocar seu violão deixando a garota de cabelos encaracolados cada vez mais vermelha de raiva. O garoto dedilha o violão de olhos fechados tentando não se aborrecer com as reclamações dela, já não era sem tempo, ele pensa. Anna podia ser a loirinha bonitinha que todo rapaz gostaria de ter, mas realmente...
-Você sabe se me dispensar Billy Shears, será o maior erro de sua vida! Está me ouvindo? Tem assim de garoto correndo atrás de mim, aquele seu amigo disse que até me ama mais do que você, coisa que eu acredito, pois você e amor não combinam Billy Shears!
-Você diz que ele te ama mais do que eu... Deve ser então a verdade absoluta, garota. Não seja por isso, então eu a libertarei, Anna. Vá com ele.
-Ahhh! "Vá com ele"?
Anna bate o pé perto onde estava o cotovelo de Billy fazendo ele abrir os olhos pelo acesso de loucura dela em pé enquanto ele tocava tranquilo sentado no chão do estúdio.
-Eu sabia! Sabia que iria preferir essa maldita banda a mim. Se tivesse que salvar seu violão ou eu é claro que seria essa coisa.
-Pelo menos só emite som quando eu quero...
-O que você disse?
Anna coloca as mãos na cintura respirando com dificuldade, ela encara aquela cabeçinha de fios dourados ir levemente para frente e para trás como se tivesse entoando um mantra para si mesmo ao som quase imperceptível de seu violão.
-Já chega! Eu já vou.
-Garota, antes que você vá agora, eu quero que saiba que eu continuo te amando. Mas se ele te ama mais do que eu, vá com ele.
-Eu duvido que haja qualquer sentimento ai nesse seu suposto coração. Você nunca me dá atenção. É por isso que nunca consegue ter a garota de seus sonhos, eu poderia ser ela, mas como sempre você não me dá chances.
Billy por um momento cessa sua música e olha para cima com seus olhos verdes-água a figura da garota que estava começando a não mais se arrepender do que falava. Ela só está falando um bando de asneira, ele pensa tentando não elevar a voz e fazer nenhuma besteira.
-Toda a minha vida, eu estive procurando por uma garota para me amar como eu te amo. Por um momento eu até pensei que seria você, mas me enganei. A garota que conseguir acompanhar esse meu jeito estranho e mesmo assim me amar do jeito que eu sou, terá o meu amor. O que ama em mim é sua idealização que quer me modificar a ser um cara que não sou. Toda a garota que eu sempre tive quebrou o meu coração e me deixou triste. O que supostamente devo fazer?... Não vai ser você.
Anna soluça deixando involuntariamente duas lágrimas saírem de seus olhos azuis. Billy secamente a observa fazer aquele showzinho novamente e volta a tocar seu violão olhando para baixo. A menina limpa suas lágrimas e se dirige a porta de saída, mas antes que pudesse ir embora, Billy se pronuncia:
-Anna, só mais uma coisa, garota. Devolva seu anel para mim. E eu te libertarei. Para poder ir com ele.
Anna num lapso de raiva atira o anel na testa de Billy para machucar. Após massagear sua testa, Billy fita os olhos de Anna à porta com leve repulsa. Ela volta a gritar babaca pela décima nona vez desde que tinha invadido o estúdio para avisar que queria se libertar, Billy sorri irônico e até rindo do estado emocional dela, o que a deixou ainda mais abalada. Anna bate a porta ainda chorando deixando Billy sozinho na sala fria.
Após todo o drama, Billy se recosta na parede e suspira fundo. Tenta voltar a imaginar o porque tinha começado a namorar Anna, devia ter sido naquela festa... Ou no PUB? Só lembrava de tê-la visto e pensado que sua figura suplantava o que falava.
Nunca ninguém iria entender... Todas aquelas garotas nem tentavam. Ele nem entendia o porque se deixava envolver, se é que aquilo que sentia pudesse ser algum dia denominado de amor. Será que algum dia teria sentido isso? Será que um dia ainda vai sentir? Não sabia... Tudo que tinha em mente agora era um certo alívio. Foi até bom ter terminado tudo antes do grande dia, Anna não poderia acompanhá-lo e agora que refletia, ele não queria e com certeza ela bateria o pé sendo uma chata e até estragar todos seus planos.
-Ai...
Billy treme só de pensar no barraco que seria. Estava bem sozinho novamente, o que achou estranho, pois tinha imaginado que quando terminasse com ela ficaria bem pior do que imaginava. Mas não estav. Estava bem. Estava livre.
Billy sorri para si mesmo quando volta a olhar para esquerda deixando uns fios dourados cair em seus olhos. Era o anel ali jogado no chão de carpete. Ele o pega e o observa com atenção. Só pôde rir da situação, não era a primeira vez que isso acontecia. As meninas diziam que os relacionamentos acabavam por sua culpa, poderia até ser, ele ri de novo.
-O que devo fazer...
Ele reflete olhando para cima tocando uma valsinha que tinha acabado de compor.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Magical Mystery Tour - Capítulo 2

Lucy In The Sky With Diamonds

Os olhos doíam. Por mais que ele tentasse abri-los, doía. Sentia-se em pé e em movimento apesar de estar parado. Podia estar sentindo a brisa levantar seus cabelos, mas por mais que tentasse respirar não conseguia. O rapaz de cabelos ruivos escuros finalmente se move conseguindo abrir os olhos num movimento rápido que atiçou seus sentidos levando um choque de tudo ao mesmo tempo: a dor no corpo, o cheiro de fumaça, a vista cega pela claridade, o gosto de remédio nos lábios e um barulho ensurdecedor tomando conta de seus ouvidos.
Encontrava-se num barco em um rio no qual nunca tinha visto. O céu, ele podia tocar, melava como marmelada e cheirava a tangerina, provavelmente vindo das árvores que nasciam na proa, ele estranha.
Tudo era tão colorido e tateável, um sonho ou talvez realidade que se misturavam tornando a sensação tão indescritível que somente vista para se classificar. O céu era doce e da madeira do barco nasciam árvores de tangerina colorindo o lugar.
-Walrus!
Como se tivesse levado outro choque, o rapaz volta os seus olhos aflitos para todos os lados como se procurasse alguém desesperadamente. Uma sensação de perda e solidão o consumiu de tal forma que ficou enjoado, ter escutado aquela voz que conhecia tão bem, ao invés de felicitá-lo, na verdade o fez gritar como num socorro:
-L...
O rapaz põe sua mão na garganta assustado por não conseguir completar a frase.
-Lu...
Novamente ele tenta em vão fazendo grande esforço para a palavra sair de seus lábios.
-Luc...
A voz demorava a sair como se pesasse toneladas, o ar não era rarefeito para isso ocorrer, julgou que talvez fosse o peso que o nome trazia para si.
-Lucy...
Olhando para todos os lados, procurando uma determinada figura, o rapaz sobe uma escada que levava até o segundo andar do barco para observar melhor. Ao chegar lá, ele frisa os olhos em direção a terra firme quando de repente ele a vê. Uma garota com olhos azuis de caleidoscópio acenado para ele, com flores de celofane amarelas e outras verdes sobressaindo sobre seus cabelos pretos azulados assim como o lençol que lhe cobria.
Impulsivamente, Walrus se debruça no peitoril para observá-la melhor, mas seus olhos tocam o sol e voltam a cegá-lo no mesmo momento em que a menina no litoral se vai.

Fica tudo escuro de novo, só pequenos pontos que brilhavam davam a noção de se estar flutuando no espaço. Milhões de diamantes brilhando e apenas um rosto que sumia e aparecia.

Ao abrir os olhos novamente, ele se vê parado no começo de uma ponte sobre uma fonte e lá do outro lado, lá estava ela novamente. A garota de cabelos esvoaçantes que combinava seu estranho vestido ao céu da noite estrelada e seus olhos a dois diamantes brilhando feito um caleidoscópio. Ele então corre ao seu encontro pela ponte mais longa do que de imaginava, mas antes de atravessá-la por completo, Walrus se depara com figuras estranhas. Eram pessoas montadas em cavalos de pedra que comiam tortas de marshmellow. Todos sorriam como Monalisa, sabiam de algo que não sabia, ele imagina. Desconfiado ele volta a olhar para frente para ver se Lucy continuava no final da ponte, mas para sua infelicidade, não mais. Walrus volta a fitar os rostos risonhos e sarcásticos que haviam bloqueado sua passagem quando de repente sente algo tremer em seus pés. Pequenas flores começam a brotar do concreto como se fossem pipoca, milhões de flores de celofane, amarelas e verdes, que cobriam seus pés e engordavam quando estas se encontravam a outras. Antes que pudesse perguntar a aquelas estranhas figuras que lugar era aquele, no mesmo milésimo que pode ver que não estavam mais ali, descobriu o porquê quando se sentiu sendo levado por aquelas flores que cresciam alto e mais alto o levando até o céu.
Como só um sonho louco podia lhe proporcionar, lá estava ele novamente na beira do rio vendo seu barco ancorado perto da margem. A cada flash ficava mais estranho, afinal o que fazia ali? Não se lembrava como, e nem... O que tinha feito antes dali.
Uma buzina de carro o assusta e encerra seu devaneio, era um táxi feito de jornal parado perto da margem, sem um motorista, só esperando de porta aberta seu passageiro entrar. Como já estava naquela viajem mesmo, resolveu entrar, afinal não valia apenas ficar tentando discutir racionalmente algo tão surreal, só podia ser sua cabeça lhe aplicando uma peça, teria que tratar do assunto com a maior loucura possível, pensou ao subir na traseira com a cabeça nas nuvens apesar de ter decidido não pensar mais naquilo. Enquanto novamente se deixava levar pelos pensamentos involuntários, também era levado fisicamente pelo táxi de jornal.

Fica tudo escuro de novo, só pequenos pontos que brilhavam davam a noção de se estar flutuando no espaço. Milhões de diamantes brilhando e apenas um rosto que sumia e aparecia. As estrelas mais brilhantes ficavam eqüidistantes e em volta dela um buraco negro se formava. Linhas e mais linhas de encontro ao infinito o cegavam por serem tantos espectros vindo de um só olhar.

Ao voltar a si, o rapaz se vê num trem numa estação. Era ainda dia e estava sozinho no mais completo vácuo de seus ouvidos. Ele olha de um lado para o outro para ver se a encontrava novamente, tinha de estar lá, era bem coisa da Lucy. Walrus tenta respirar fundo, mas nota que nenhum ar saia ou entrava em seus pulmões apesar de se sentir vivo. Talvez sua capacidade como ser humano de sentir as coisas só vinham quando ela estava por perto, ou talvez só se importasse com isso no momento, ignorando outras e utilizando outras mais por total egoísmo.
Um som ensurdecedor de apito de trem lhe acorda até a alma, ela estava ali. No momento em que ia pular do trem, algo macio segura seu ombro e o puxa em câmera lenta para trás. Era um carregador de malas feito de massa-de-modelar, sorria repuxando sua viscosidade para cima de um jeito para assustar. Provavelmente estava ali para pegar seu bilhete ou quem sabe levá-lo até sua poltrona. Vestia um terno de pano roto e em seu frágil pescoço havia uma gravata de vidro reluzente assim como os olhos da menina que estava a procurar.
De repente o trem começa a se mover, Walrus tenta se desvencilhar daquela mão pegajosa tentando inutilmente se fazer expressar que precisava sair, quando uma imagem fez sua vista congelar. Lá estava ela novamente, vestida como Morfeu, atrás da catraca com olhos tão brilhantes feito calidoscópio. Estava dando tchau e apesar de estar sorrindo, Walrus achou que seus olhos brilhavam tanto, não sei... Estavam com vontade de chorar? Olhos brilhantes pela água que se fazia presente, mas que ela não deixava demonstrar. A imagem fica em câmera lenta dando uma última chance para eles se olharem e deixarem-na ficar e ele ir em paz.

Fica tudo escuro de novo, só pequenos pontos que brilhavam davam a noção de se estar flutuando no espaço. Milhões de diamantes brilhando e apenas um rosto que sumia e aparecia. As estrelas mais brilhantes ficavam eqüidistantes e em volta dela um buraco negro se formava. Linhas e mais linhas de encontro ao infinito o cegavam por serem tantos espectros vindo de um só olhar. Era ela ali no espaço, seus cabelos pretos azulados o infinito que adorava se perder, seus olhos diamantes que mareavam tristezas que seu sorriso alegre não se deixava dizer.

-Alguém chame uma enfermeira! Ele abriu os olhos! Ele abriu os olhos! Walrus? Está me ouvindo? Sou eu. Por favor, me responde. Qualquer coisa Walrus, por favor.
-Lucy...
-Lu? O que tem ela?
-Eu a vi...
-Onde?

-No céu de diamantes.

domingo, 24 de maio de 2009

Magical Mystery Tour - Capítulo 1

She's Leaving Home

Era uma quarta-feira às cinco horas da manhã quando o dia começou a clarear numa vila tradicional da Inglaterra, nenhuma das casas elegantes havia ainda acordado, o céu clareava tímido por entre as montanhas não imaginando o que acontecia ali embaixo.
Silenciosamente fechando a porta de seu quarto, uma menina de cabelos claros frisa os olhos castanhos percebendo que havia feito mais barulho do que imaginava. Ela então apóia um pedaço de papel na parede e escreve as seguintes palavras: "Eu amo vocês, sabem que sim. Mas têm que entender que preciso ir, preciso me encontrar, preciso me seguir. Desculpe por ser tão breve, mas é que tenho um compromisso agora cedo, pois vivi toda uma vida sozinha. Espero que me perdoem. Tchau, tchau". Após escrever e tampar a caneta com os lábios, a menina fica um pouco pensativa antes de continuar. Queria falar, explicar mais coisas do que cabiam ali naquele pedaço de papel, mas seus motivos ultrapassavam palavras...
Ela então caminha em pequenos passos pelo corredor luxuoso de sua casa até chegar a uma porta no final dele, em seguida ela gira a maçaneta com muito cuidado e observa dois corpos sonhando numa cama de casal em frente a janela. Num pequeno movimento, ela coloca a carta por cima do hobbie de sua mãe e fecha a porta sorrindo.
Ela desce as escadas até a cozinha como se fosse um ladrão, alternando suas pernas para que não fizesse barulho e ao chegar lá, enxuga seus olhos com um lenço e dá uma última olhada naquilo que denominou de casa durante 18 anos de sua vida, silenciosamente gira a chave da porta dos fundos, dá um passo para fora e... Liberdade.
Após mais algumas horas, o despertador toca na casa 112 acordando uma mulher de meia idade com os mesmos traços da menina de alguns parágrafos a cima, só que com as mudanças do tempo bem mais visíveis. Ela, ainda de olhos fechados, veste o seu hobbie que estava por cima da penteadeira quando nota algo cair no chão. Ela então se agacha e pega o pequeno pedaço de papel branco jogado no carpete. Como ainda estava um pouco escuro devido as cortinas fechadas, a mãe sai de seu quarto em pequenos passos até o topo da escada para que pudesse ler o bilhete sem que precisasse acordar seu marido que ainda roncava.
Ao chegar à janela perto da escada, uma simples lida nas palavras chaves foram suficientes para que aquele par de olhos castanhos mareasse e seu corpo se esvaísse quase tocando o chão. Com um choro vindo de longe, um senhor de meia idade se levanta apressado da cama e vai ao encontro da mulher que chorava com uma carta nas mãos.
-Papai... Nosso bebê... Se foi.
Ela diz com a voz embargada enquanto era amparada pelo marido.
-Porque ela nos tratou tão impensadamente... Como ela pôde fazer isso comigo?
-Aqui diz que ela sempre viveu uma vida sozinha... Nós demos o principal de nossas vidas. Nós nunca pensamos em nós mesmos. Nunca. Nós demos tudo o que o dinheiro podia comprar.
-O que faremos?
A mulher continuava a chorar compulsivamente segurando a carta molhada.
-No momento não podemos fazer nada. Nós vamos seguir com essa dificuldade até as coisas voltarem ao normal, quero dizer... Quando nosso bebê voltar para casa.
-O que fizemos de errado?
-Eu não sei meu amor. Mas tenho certeza que vamos conseguir transpor essas barreiras. Vai dar tudo certo.

Sexta-feira às nove da manhã,
ela já está bem longe...
A menina esperava na estação da cidade vizinha com apenas uma mala e uma mochila olhando para os dois lados vendo se seu meio de transporte para alcançar seu compromisso consigo mesma havia chegado. A cidade estava vazia apesar de ser sexta-feira e alguns minutos ali parada sozinha serviu para que rabiscasse uns três refrões no antebraço. Quando de repente um caminhão aparece buzinando atrás de si e a faz se levantar e erguer o polegar. Podia estar se arriscando indo daquele jeito maluco atrás de seu sonho, podia ter perdido o amor de seus pais para sempre, podia estar pegando uma carona com um homem que não conhecia para uma cidade que nem sabia ao menos o nome; podia estar sonhando, mas nunca tinha se divertido tanto como naquele momento. Era uma nova fase dizia para si mesma, algo que o dinheiro não podia comprar (felicidade e diversão), uma nova vida, iria de vez preencher o que sempre lhe foi negado, o que sempre lhe faltou por tantos anos de sua vida. Não se importava... Estava indo ao seu encontro, fora dos muros de casa.
tchau, tchau.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

e hoje eu aprendi que...

Realmente há dias pré-dispostos a se pensar, a ficar calado, a falar muita besteira, a só observar, a ficar triste ou simplesmente agir. Hoje eu pensei, com letra maiúscula, em negrito, sublinhado e itálico, um dia no qual você só age por impulso enquanto sua mente vaga e vaga por ai. É um processo saudável, afinal temos que parar pelo menos uma vez e pensar, raciocinar ou não pensar em nada que também é uma ação apesar de não fazer nada, mas mesmo assim pensar é um verbo e verbos envolvem ação, entenderam??
Não tenho twitter (aliás, nem sei o que é isso, só o que conheço vi rapidamente num episódio do "The Big Bang Theory"), mas as coisas aconteceram sincopadas e a cada momento ao invés de olhar e simplesmente pensar (ou não) "ah, é só mais um passarinho no céu", na verdade eu "caramba, é a primeira vez que vejo um passarinho indo na mesma direção e sentido que um avião bem a cima dele como se estivessem em sincronia" (detalhe: isso eu atravessando a Av. Rio Branco na hora do almoço).
Acordei como todo mundo, cansada e irritada por ter tido o sono interrompido e consequentemente não lembrado após apenas 5 segundos de olhos abertos, mas foi no momento em que abri a janela e vi a mesma imagem que vejo todas as manhãs diferente, ela estava com uma nuvem que me fez lembrar um croissant, e foi ai que pensei "puxa, ontem comi um croissant igualzinho a esse" (tipo, quem olha deve pensar "que maluca", mas quer saber? Eu gostei, remeteu uma lembrança gostosa e de conforto de fato); mais tarde fui para faculdade no ônibus SEMPRE lotado, mas antes de pensar "Meu Deus, mais um dia de pindaíba", foi quando eu pensei "puxa... que bom que eu não cheguei milésimos mais tarde e apesar de faltar quatro estações para eu saltar, pelo menos eu sentei agora", não é? Pelo menos é melhor do que ficar em pé a viajem toda. (Dia Pollyanna esse)
Mais tarde estudei como uma condenada para uma prova que (quase) não sabia nada e após colocar o material de volta na mochila dizendo para mim mesma que não adiantava mais, ao invés de "Meu Deus devia ter estudado a semana toda!!", depois da prova me peguei dizendo: "que bom que parei de ler enquanto era tempo, só iria ficar mais nervosa e não teria tido a confiança que tive agorinha pouco".
Cheguei no centro da cidade para uma consulta quando ocorreu o episódio do passarinho e logo depois outro quando flagrei uma menina falando no celular um pouco séria, mas após um longo silêncio, ela sorriu e falou "te amo também", o legal foi ver a expressão que fazia enquanto segurava o celular, pensei "seria ótimo ter com quem falar da mesma maneira, pois a sensação deve ser ótima, dava para sentir" e não "vou ficar sozinha pra sempre".
Na feirinha de livros passei perto de um monte que queria comprar, mas ao invés de pensar "que merda, to dura", eu pensei "quero esse, depois esse, e mais esse aqui após de terminar outros três que comprei semana retrasada (no mesmo lugar, notem) que ainda não li (...)".
Na consulta enquanto falava coisas que não tinham nada a ver, um monte de frases e orações sem sentido até mesmo para mim, ao invés que pensar "cada dia estou pior", não, na verdade quando parei de falar, fiquei em silêncio e depois ri pensando "humor negro também é feito para rir, não tinha pensado nisso antes, é melhor rir do que chorar, não é?".
Na volta para casa vi alguns mendigos no largo da carioca e como sempre fico pra morrer, mas dessa vez não pensei "coitados, não tem para onde ir e nem tem dinheiro para isso", eu pensei "obrigada por ter onde ir e ter dinheiro para isso", parece meio sem noção, mas na hora foi reconfortante e perturbador, porque fico triste quando meu computador quebra ou não passo no vestibular enquanto há pessoas não tem dinheiro nem para completar o do ônibus, tudo bem que dor é dor e que cada um carrega a cruz que consegue suportar ( Bu ^^), mas há coisas a se pensar, como hoje ao chegar em casa e ao invés de pensar "que merda, mais um dia sem nada" eu pensei ao deitar na cama de roupa e tudo "que merda, não tirei uma foto daquele nascer do sol, tudo bem, tiro amanhã"...
Pois amanhã é outro dia seguido de milhões até o fim dos dias e noites, meu dia Pollyanna serviu para pelo menos cuidar da velha ranzinza que tenho dentro de mim, parece que a menina abriu os potes de tinta e sentiu o aroma enquanto a jovem aproveitou sua realidade apesar de viver sempre no mundo da lua, ela apenas tem que se acostumar e perceber a poesia de cada dia nas pequenas coisas que achava impossíveis que serem encontradas no real. Há sim minha jovem, é só parar e notar o como é legal uma folha decantar até o chão (é legal sim), o como é bonitinho mãos entrelaçadas de pré-adolescentes no shopping ou como lasanha é gostoso, é só notar e se lembrar, uma coisa que adora fazer quando está perdida em você mesma, é só olhar, sentir, cheirar, tocar, provar o que o dia lhe dá.
O filme é você a personagem principal, o príncipe pode ser o garoto que sentou ao seu lado no ônibus, a melhor amiga aquele conselho que salvou seu dia vindo de uma pessoa que nem é tão próxima de você, o castelo encantado simplesmente o Odeon e a madrasta sua própria cabeçinha.
Pensa nisso.

domingo, 17 de maio de 2009

top 20 (dreams).

1- Fazer uma viajem sozinha.
2- Sentar na primeira fileira da estréia do meu filme e ouvir aplausos no final.
3- Ter uma música inspirada em mim.
4- Concluir de uma vez por todas os ensaios, histórias, roteiros, peças e contos inacabados que lotam minhas gavetas.
5- Cantar apontando para alguém na platéia.
6- Chutar o balde que contém todos os meus medos.
7- Ter um episódio na vida que daria um ótimo filme antigo em preto e branco.
8- Aprender de uma vez por todas as músicas que eu enrolo.
9- Ler todos os livros que eu quero ler.
10- Dirigir um daqueles carros-monstro.
11- Chegar numa loja e falar: "Eu vou querer tudo".
12- Ter uma personagem nos Simpsons. (ou quem sabe um anime)
13- Aprender um instrumento musical e ter talento para isso, e aí sim ter uma banda.
14- Escrever um livro (mais de um no caso).
15- Sair dirigindo um dia e parar só quando a gasolina acabar.
16- Viver em Nova York.
17- Encontrar meu Ying Yang.
18- Parar de imaginar, sonhar e pensar coisas que não me fazem bem, mas que mesmo assim as faço para me martirizar por alguma razão que ainda desconheço.
19- Praticar Le Parkour.
20- Escutar "eu te amo".

alegoria camaleão.

Era uma vez, uma história contada de pai para filho e de filho para os próximos pais de filhos, que numa estranha prateleira havia um livro. A prateleira empoeirada e quebrada havia todos os tipos de livro: de romances, de terror, de tragédia à comédia e poesia, mas no meio de tanta concretude lá estava ele, o livro sem nome.
Era feito de couro branco, na capa não havia uma palavra sequer e apesar de sempre ter existido nenhuma página era gasta ou amarela. Dentro dele havia um mundo no qual nem seus próprios habitantes sabiam o nome, surgiram simplesmente de idéias nunca concretizadas de uma mente que um dia cogitou a lhes darem vida.
As personagens vagavam à ermo por entre uma página em branco a outra, não sabendo onde estavam, pois não haviam visto a numeração de páginas que lhes auxiliariam a passar de um capítulo a outro. Simplesmente nadavam num infinito em branco esperando algo acontecer.
Foi quando o início teve seu clímax e seu clímax o final.
Conta-nos a história que um dia certa garotinha descobriu a tal prateleira e ficou horas a olhar os milhares de títulos que surgiam. Eram clássicos e mais clássicos de títulos que engrandeceriam qualquer mente vazia de sonhos ou criatividade. E lá ficava a tal garotinha a observar colunas de livros coloridos até achar o único sem cor que não tinha nada a contar. De imediato ela ficou maravilhada com tal descoberta e tentou pegá-lo, mas devido a altura teve que sentar e pensar num modo de pegar o último livro daquela prateleira.
Pensou, pensou... Quando finalmente uma idéia te iluminou. A menina pegou de livro em livro e os empilhou criando uma espécie de escada que a levaria até o misterioso livro sem tom e sem palavras. Um a um ela os postou sob os pés chegando cada vez mais perto, e quanto mais ela os colocava, maior ficava. De repente, após esgotar todos os livros da prateleira debaixo de seus pés, a menina finalmente alcançou o livro sem título e tornou a olhá-lo com esmero e cuidado. Era tão frágil e frio, devia ter ficado ali sozinho todo o tempo de sua vida, mas apesar de ser o último intocável, não havia sinal de sujeira ou bichinhos de seda, estava tão novo que parecia ter saído de uma gráfica agora pouco.
A garotinha então o abre com lentidão quando subitamente se cega com a claridade refletida das folhas em branco sob a lâmpada que brilhava a cima. A fadiga foi tão forte que levou nossa menina a despencar de seu próprio precipício enquanto se agarrava fortemente ao nosso anti-herói da história.
O fim nunca ninguém soube, uns dizem que ela morreu ao bater no chão, outros que a história não passa de invenção e para os mais românticos, que aquela tal menininha tornara-se personagem de teus próprios sonhos entrando no livro antes que chegasse ao chão.

terça-feira, 12 de maio de 2009

insônia regada a café.

Entre cafés e luas, a vida vai me seguindo com insônia, faz um frio gostoso que vem pela janela aberta enquanto ouço o barulho das motocicletas descendo a rua em alta velocidade por não ter mais ninguém na rua.
O barulho da noite é inconfundível, há a mistura do ar condicionado em algum apartamento, o som nítido de apenas um carro vindo na rua de trás e a cidade toda apagada e sonolenta enquanto escrevo aqui sozinha olhando a janela.
Sinestesia ocorre integralmente: o cheiro de café me lembra a visão do horizonte ao olhar para o mar; o barulho do computador, as madrugadas escrevendo capítulos e mais capítulos de histórias que ninguém conhece; a visão da lua me lembra o quanto é bom o meu travesseiro e por aí vai. Na verdade nem pretendia escrever, mas é que a insônia me pegou de surpresa e provavelmente não irei dormir tão cedo graças ao café, então resolvi sentar e teclar.
Sabe de uma curiosidade minha? Sabe aqueles minutinhos antes de dormir que ficamos deitados na cama só esperando o sono acontecer? A minha vida toda eu imaginei histórias, quando tinha oito anos e dormia numa beliche no mesmo quarto que minha irmã, contava a ela uma história na qual ela fazia uma personagem e eu as outras 467. Chamava-se “Telefone sem fio”, não me lembro bem o porquê, mas devia ser porque ficávamos cochichando até tarde pela fresta entre a beliche e a parede sobre uma garota que morava numa mansão branca numa linda cidade do interior com seu pai e empregados. Também não me lembro o nome da personagem e nem a da minha irmã, só sei que ela vivia com a avó num trailer (lembrei!) e se comunicava com a tal garota da mansão por um telefone sem fio interligado nas janelas dos quartos das duas. Uau, não tinha parado para pensar de quantos detalhes eu lembrava... Freud explica.
Cresci mais um pouco e minha história que batia no travesseiro se tornou “Garota do Castelo”, outra garota que morava somente com o pai só que agora num hotel em LA. Maldições, romances, Shakespeare e misticismo faziam parte desta história que na verdade tenho até hoje no computador. Pena que será outra história inacabada... Jung explica.
A partir desta vieram em enxurrada tramas e mais tramas de contos, poesias, histórias, romances, roteiros para cinema e até teatro. São poucas as que terminei, talvez eu até ponha algumas aqui, quem sabe?
Mas enfim, voltando ao assunto, na minha cabeça há apenas letras de músicas fazendo a trilha sonora do meu casal que nunca poderá ficar junto devido a uma maldição desejada por um deles para que ficassem juntos para sempre; aquele primeiro beijo dado no chão pelo mocinho que ao olhar finalmente para os olhos da mocinha descobre que ele estava ali por ela; a fotografia da mansão em chamas enquanto três jovens se abraçavam e cometiam suicídio conjunto; a última fala da personagem ao descobrir que sua vida toda tinha sido manipulada por uma conspiração...
O que eu estava me perguntando ao beber o último gole de café é: o que será que todas essas luzes que piscam ao olhar para fora fazem antes de dormir? Rezam? Pensam no dia de hoje, o de amanhã ou de ontem? Pensam em alguém ou algo? Naquela roupa que não conseguiram comprar ou naquele rosto que não conseguiram esquecer? Histórias para confortar ou em nada? Também pode ser...
Há quem bate na cama e dorme como uma pedra e há outros que como eu, se deitam às 23 horas e sabem que se acordarem às 6 só terão dormido apenas 4 horas. Há muito no que se pensar, há muito o que se esquecer. Será que estão interligados? Não sei... Minha teoria de saber o como você dorme na verdade reflete o dia ou a vida que você leva teria mais fundamento se não tivesse tomado o café... Agora estou elétrica demais, ativa demais, pensante demais com uma vontade louca sabe de fazer o quê?
Dançar. É isso ai. Dançar.
Ligaria a trilha sonora de Forrest Gump aqui se não fosse essa hora da madrugada. Mas meu refúgio me permite que eu ligue no volume máximo e dance como Fred Astaire e Ginger Rogers ou John Travolta e Olivia Newton-John dependendo só meu humor para a trama.
Mas olhando para essa lua cheia, ao som de Jeff Buckley e com esse frio bom, acho que escolho a primeira opção.

O que você quer fazer agora?
O que você pensa antes de dormir?
Pensa nisso.

domingo, 10 de maio de 2009

"she was eighteen and most lovely, and lost".

"And for just a moment I had reached the point of ecstasy that I always wanted to reach, which was the complete step across chronological time into timeless shadows, and wonderment in the bleakness of the mortal realm, and the sensation of death kicking at my heels to move on, with a phantom dogging its own heels, and myself hurrying to a plank where all the angels dove off and flew into the holy void of uncreated emptiness, the potent and inconceivable radiancies shining in bright Mind Essence, innumerable lotus-lands falling open in the magic mothswarm of heaven. I could hear an indescribable seething roar which wasn’t in my ear but everywhere and had nothing to do with sounds. I realized that I had died and been reborn numberless times but just didn’t remember especially because the transitions from life to death and back to life are so ghostly easy, a magical action for naught, like falling asleep and waking up again a million times, the utter casualness and deep ignorance of it. I realized it was only because of the stability of the intrinsic Mind that these ripples of birth and death took place, like the action of wind on a sheet of pure, serene, mirror-like water. I felt sweet, swinging bliss, like a big shot of heroin in the mainline vein; like a gulp of wine late in the afternoon and it makes you shudder; my feet tingled. I thought I was going to die the very next moment. But I didn’t die".

You read my mind "Sal Paradise".
Page 101

sexta-feira, 8 de maio de 2009

alguém por favor me mate e me dê a luz.

"Porque caímos? Para podermos aprender a nos levantar". Maldita frase feita só para fazer eu me sentir ainda mais fraca. E se eu não quiser levantar? E se eu não tiver forças? E se eu não tiver ninguém para me salvar de mim mesma...
O pior inimigo é aquele que é igual a você, o mundo é feito em ying yang para haver equilíbrio: "as forças do bem contra o mal", "filmes em preto e branco", "sorriso e lágrima separados apenas pelo nariz". Mas o que eu quero saber é como voltamos a nos estabilizar? Porque um lado pesa mais que o outro em certas situações não deixando nós pensarmos, agirmos e vivermos...
Eu estou cansada... Cansada de lutar e morrer na praia, cansada de sorrir quando não quero, cansada de fingir que está tudo bem enquanto eu mesma me engano jogando tudo para debaixo do tapede.
Minha cabeça é minha pior inimiga, não preciso de ninguém para falar que se eu continuar assim vou ficar sozinha para sempre...
O grande problema é que me acostumei a ficar à margem da minha própria vida. Parece que tudo que vivi até agora não passou de um sonho e agora vivo essa realidade que faz questão de me fazer cair e que cada vez que tento me levantar, eu caio de novo. Só sei que me perdi...
Viver em sincretismo é estranho, enquanto escrevo palavras tristes penso em coisas boas como o quanto isso vai me engrandecer ou que tais desventuras fazem parte da vida, ocilações perfeitas em 1,618 do divino.
Só que às vezes eu esqueço de me salvar... Esqueço porque respiro, porque estou sozinha, porque dou tantos custos aos meus pais e etc.
Mas deve fazer parte do Sol na casa 12 que tenho, eu sou meu próprio "O médico e o monstro", ao mesmo tempo que me curo me firo com a mesma intensidade. Talvez seja meu ying yang perceptível, pois ser geminiana, introspectiva e romântica é uma merda.
Vejo dentro de mim a velha chata que me manda estudar até dormir para conseguir uma bolsa na faculdade, a jovem sozinha que se sente incapaz de atender às exigências da velha e a menina que vê tudo cor-de-rosa, mas não é valente o suficiente para tirar as lentes e colorir, ela prória, o seu quadro em branco.
Foi uma metáfora, deu para entender?
É, eu sei, às vezes eu também não me entendo, basta me dar uma folha e um lápis para que eu preencha cada espaço com frases, orações e períodos de meu sincretismo eloquente.
Estar bem é finito e estar mal também, só temos que ter paciência e força para mudar ou esperar a maré baixar.

Mas ainda me pergunto
Se um dia vou encontrar
"Alguém que me mate
E me dê a luz cada dia"
Como num conto que projeto
Meu verdadeiro "eu"
No qual eu adoro rimar...
E consequentemente
Me machucar.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

terça-feira, 5 de maio de 2009

fiz um poema dadaísta.

Sabe quando lembramos e esquecemos
Revemos e vimos
Nossa vida no caminho sem sentido tão aflito,
Iconoclástico modo de ser sem saber como viver
Toda a história toda vista imita a briga
Esquisita de dentro e fora,
De olhos e de gritos...

segunda-feira, 4 de maio de 2009

caixinha de surpresas.

Que histórias, lembranças, perigos e nostalgias uma simples caixa pode te dar? A cor amarelada já diz tudo, anos são guardados aí dentro cuidadosamente para abafar, guardar e enterrar certos sentimentos...
O cheiro de papelão e papel mofado é revigorante, é como se fosse um sebo de sua vida ali debaixo da cortina.
Uma metáfora até pode ser criada, caros leitores, a cada papel, ingresso, carta, foto, ninharia é como se fosse um extenso repertório de sua vida colocado ali estrategicamente para que as lembranças mais recentes fiquem na frente e as mais antigas atrás.
São tantos pequenos momentos que fazem a teoria de Demócrito dar certo. O lego que compõem cada parte da alma em uma só caixa.
Esqueci de avisar...
Hoje após estudar deixei um lápis cair perto da preteleira de livros e fui lá buscar. E então meus olhos encontraram essa caixa de lembranças que vos venho falar.
(rimou)
Há aqui o folheto do primeiro festival de curtas para celular que finalmente tive coragem de participar; o ingresso da peça de teatro que dormi; meu mapa astral; um desenho feito por um amigo; meu antigo diário de 2004, um outro ano dramatizado por mim na minha vida (basta ver as páginas arrancadas e rabiscos, às vezes eu nem acredito...); a foto de um garotinho com aids na África que recortei pois o que me tocou foi ver que sorria com as duas mãozinhas apoiadas nas bochechas enquanto o fundo todo era desesperador demais para haver um pingo de felicidade; "trabalhos de amores perdidos" que não veem ao caso agora comentar; a foto que guardei para criar uma egrégora e que no final das contas não deu em nada; um button do primeiro candidato a político que elegi e etc.
Se eu catalogar tudo que tem aqui vou fazer pelo menos três dormirem (quatro comigo).
Estava aqui folheando antigos diários, cartas e bilhetinhos de quando tinha 10, 11, 12 anos e percebi que a essência da pessoa em questão não muda quase nada. Tudo bem que eu era mais ingênua e infantil, mas agora vejo que os mesmos traumas, medos e âmago não mudaram. (paráfrase descarada) Continuo a ser aquela menina sentada no pátio da escola absorta em pensamentos se esquecendo do sinal tocando, o novo cenário talvez seria de uma estranha conhecida ouvindo MP3 no ônibus passando três estações de casa só porque não queria acordar.
Acordar... Às vezes acho que minha Matrix é bem mais atraente do que a minha realidade em si, talvez seja por isso que me sinto tão sozinha... Ainda não aprendi a levar alguém para visitar o meu verdadeiro "eu", o lugar onde de fato gosto de morar.
Realmente é um pouco louco e também pode parecer ingratidão com tudo de bom que tenho nessa vida (família, amigos, música, chocolate, viagens, banhos de chuva, faculdade), mas é ai que está, eu não reclamo, não. Pelo contrário, eu agradeço todo dia voltar para casa tranquila ouvindo Beatles ou comprar qualquer besteira que eu queira comprar. Acho que o problema sou eu. O ser humano é complicado mesmo, não sabe o que quer. Eu não sei o que eu quero... Acho que só algumas coisas de que não quero, e se bem que já é um começo, é mais uma razão na música do The Bravery para respirar. Uma jornada em busca daquilo que não faço idéia.
Emocionante.
Nostalgia leva a gente a divagar (mudei de assunto de novo), desenterrar antigos sentimentos e palavras caladas, mas que no final é bom. É reconfortante saber que VOCÊ existiu de fato para algo ou alguém, diversos álibis e testemunhas de coisas ruíns ou não que fazem parte de um amontoado de anos chamado vida.
Às vezes é difícil identificar o porque você respira, o porque está aqui ou qual é o seu propósito, mas há um estímulo que o ajuda a lembrar que não estamos aqui por acaso, basta abrir uma caixa de lembranças, seja ela física ou metafísica, para ver que se você não tivesse passado por aquele atalho naquele dia talvez aquele velhinho não teria conseguido atravessar a rua; se não tivesse tirado aquela foto, sua amiga talvez tivesse outro papel de parede na tela do computador ou até se não tivesse matado aula naquela segunda-feira talvez aquela pessoa que vagava à ermo pelas ruas não teria ouvido nenhuma palavra durante todo o dia.
A poesia de cada dia está presente nas coisas que achamos mais insignificantes, lotando um pedaço de papelão, causando risos, choros, vergonha, nostalgia... vida.
Se você só é de olhar o retrovisor para ver as pequenas estrelas que passaram por ti, se orgulhando de cada uma delas seguindo sempre em frente em direção ao oeste não deixando o dia morrer, sempre buscando cada vez mais luz e se empolgando com o que está por vir, parabéns...
Você vive.

domingo, 3 de maio de 2009

vão entender depois o porque não coloquei o título.


Num hiato criativo tudo é válido. Engraçado... Toda a manhã pensei em diversos assuntos que adoraria dissertar, mas quando finalmente tenho contato com o computador, puf! Não me ocorre mais nada.
Enfim, deixando as frustrações de lado... Para não deixar o dia passado em branco, eu resolvi escrever uma redação que fiz ano passado com o tema: "A dificuldade de se viver um grande amor nos dias de hoje". Não me perguntem quanto eu tirei, pois esqueci de entregar no dia previsto, então...
Bem, como não consegui me inspirar e falar sobre uma palestra que vi hoje numa escola iniciática (que pode até ganhar uma nota em outro dia), ai vai a tal redação.

ps: A foto foi tirada num muro grafitado em Ipanema.
ps2: Para vocês verem, caros leitores, o quanto sou avoada, até esqueci de dar um título ao texto.

'O amor é algo difícil de ser explicado por palavras. Apenas quem o sente consegue chegar a uma ínfima definição de sua essência. Já dizia Oscar Wilde: "Pobre daquele quem ama"; nesse mundo contemporâneo nada mais cruel e torturante que amar. A insegurança de ilusões diminuem cada vez mais os nefelibatas agora taxados de "últimos românticos".
Divórcios, óbitos, solidão. Consequencias tão abrangentes e presentes hoje em dia que se resumem em uma só palavra: medo. Medo do sofrimento, medo de ter o coração partido, tem acompanhado pessoas que se privam de serem felizes pela simples insegurança de se magoarem com mais ilusões.
"Felizes para sempre" é um final bem conhecido e difundido como máxima através dos tempos por contos infantis, filmes e casais de velhinhos que fazem bodas de diamente. E talvez seja por isso que essa concepção se torna tão presente, será que para ser feliz temos que amar e ser amados?
Céticos diriam que não, amantes com certeza que sim. Mesmo com toda dor e torpor há indivíduos que ainda se arriscam e passam por cima de males modernos como a traição e falta de sentimentalismo e magia presentes em clássicos e mentes românticas. Uma aventura ou desventura que só dependerá dos meios tristes para que se encontre o final feliz.
Maldito mundo moderno em constante transformação, modificando pessoas e suas mentes, causando choros e alegrias a corações inocentes dessa forma tão louca e desprevinida que só sendo vivida para entender.
Sendo assim, não importa o quão o mundo pareça insensível e desagradável às vezes, os pequenos momentos, seja ele real ou imaginário, faz com que a biografia da pessoa em questão se torne uma grande paixão'.

ps3: Achei que terminou meio brega, mas eu até que gostei.
ps4: Não contem para ninguém, mas eu inventei a frase que Oscar Wilde supostamente teria dito. Vocês tem que me entender, uma frase de alguem famoso sobre o tema enriquece o trabalho, não?

sábado, 2 de maio de 2009

o fim do nada.

Hoje é um dia "eu-poético", acho eu...

"Uma valsinha que não consigo tocar
Aquela história que esqueci ao acordar
Essa música que me faz pensar
Nessa rima branca e fraca
Que adoro recordar.
Me atrai o prelúdio assim como o fim
Estou aqui por um triz
Já completei as lacunas
Que me faltavam discernir
Agora só falta a agulha
Para costurar a cicatriz.
Espalhei o meu refrão
Na inocência perdida
Li o epílogo antes do clímax
E perdi o fim da linha.
Eu não faço mais recados
Já não canto pelos parques
É o fim da picada
É o fim da meada
É o fim do nada".

tive que mudar o título anterior porque não combinava.

Finalmente eu tirei da gaveta histórias e velharias que tinha esquecido não sei porque... Desculpe algum erro de português, mas é porque hoje é o meu primeiro dia. Realmente não sei o que escrever. Fico sem graça sobre pressão agora que vejo que todos me veem na multidão. Me escondia porque queria, um refúgio confortável e cômodo que me acostumei através dos tempos em que passei só a observar o alento. Estou rimando sem querer, fico sem jeito de expressar e dizer tudo aqui entalado e modificado, com metáforas e ironia eu vou rindo cada dia do humor negro da vida. Só queria dizer olá, mas pelo visto começei a declamar...
Vou tentar ao menos ser eloquente nesse meu sincretismo de risos e choros, um passo depois o outro, inspiração e consequente vazio existencial que nem ao menos existe...
Loucura?
Não sei... Vai ver que somos todos loucos, que a verdadeira loucura está presente naqueles que não sabem que estão loucos. Salve Sócrates por sinal...
Realmente não era a minha idéia inicial começar este blog já falando de "hermetismos" e neologismos passionais. Vão acabar tendo uma idéia errada do que pretendo falar e discutir aqui... Mas não importa, pelo menos não vão se assustar.
Brincadeira.
A graça do cotidiano é ele ser contínuo e por mais que tentamos nos enganar que nada de novo vai acontecer há ao menos uma coisa que faz a diferença quando colocamos a cabeça no travesseiro à noite.
( E é ai onde eu queria chegar)
Essa cabeçinha lotada de coisinhas tem pensamentos para contar: pode ser de como aquele garoto que entregou umas moedinhas à um menino de rua foi fofo, ou de como aquele sapato que comprei apertava, mas não me importei pois era bonito demais, de como cada dia mais tem gente triste pelas ruas que só andam de cabeças baixas e ignoram a presença uns dos outros e pior, a suas próprias, ou como seria legal hoje não ter passado naquele atalho e ido passear mais um pouquinho antes de ir para casa.
Esse é o sincretismo de que vos falo agora mais formalmente porque ficou bonito ;)
A vida é isso mesmo, um monte de horas que se repetem de acordo com o destino e o livre arbítrio e uma pontada de cinema e poesia. Só basta mesmo indentificarmos essas ocilações nas quais são todas válidas e continuar.
Há todos os tipos de dias: o dia história-fantástica, o dia poesia-segunda-geração-romântica, o dia comentário-socio-político-econômico-mundial-mais-sério, o dia de silêncios e preguiças, o dia de inspiração divina e os dias vou-comentar-sobre-qualquer-coisa-mesmo.

Enfim... Não disse nada que planejava dizer no primeiro comentário do blog afinal... Fugi completamente do assunto, mas tudo bem.
Era mesmo para dizer "olá" e "bem vindos". Espero que gostem e deixem comentários se quiserem.
O spalla começa à tocar e como diria Machado: "A vida é uma ópera" e não percamos mais tempo com formalismos ou não.
Que se abram as cortinas.