domingo, 17 de maio de 2009

alegoria camaleão.

Era uma vez, uma história contada de pai para filho e de filho para os próximos pais de filhos, que numa estranha prateleira havia um livro. A prateleira empoeirada e quebrada havia todos os tipos de livro: de romances, de terror, de tragédia à comédia e poesia, mas no meio de tanta concretude lá estava ele, o livro sem nome.
Era feito de couro branco, na capa não havia uma palavra sequer e apesar de sempre ter existido nenhuma página era gasta ou amarela. Dentro dele havia um mundo no qual nem seus próprios habitantes sabiam o nome, surgiram simplesmente de idéias nunca concretizadas de uma mente que um dia cogitou a lhes darem vida.
As personagens vagavam à ermo por entre uma página em branco a outra, não sabendo onde estavam, pois não haviam visto a numeração de páginas que lhes auxiliariam a passar de um capítulo a outro. Simplesmente nadavam num infinito em branco esperando algo acontecer.
Foi quando o início teve seu clímax e seu clímax o final.
Conta-nos a história que um dia certa garotinha descobriu a tal prateleira e ficou horas a olhar os milhares de títulos que surgiam. Eram clássicos e mais clássicos de títulos que engrandeceriam qualquer mente vazia de sonhos ou criatividade. E lá ficava a tal garotinha a observar colunas de livros coloridos até achar o único sem cor que não tinha nada a contar. De imediato ela ficou maravilhada com tal descoberta e tentou pegá-lo, mas devido a altura teve que sentar e pensar num modo de pegar o último livro daquela prateleira.
Pensou, pensou... Quando finalmente uma idéia te iluminou. A menina pegou de livro em livro e os empilhou criando uma espécie de escada que a levaria até o misterioso livro sem tom e sem palavras. Um a um ela os postou sob os pés chegando cada vez mais perto, e quanto mais ela os colocava, maior ficava. De repente, após esgotar todos os livros da prateleira debaixo de seus pés, a menina finalmente alcançou o livro sem título e tornou a olhá-lo com esmero e cuidado. Era tão frágil e frio, devia ter ficado ali sozinho todo o tempo de sua vida, mas apesar de ser o último intocável, não havia sinal de sujeira ou bichinhos de seda, estava tão novo que parecia ter saído de uma gráfica agora pouco.
A garotinha então o abre com lentidão quando subitamente se cega com a claridade refletida das folhas em branco sob a lâmpada que brilhava a cima. A fadiga foi tão forte que levou nossa menina a despencar de seu próprio precipício enquanto se agarrava fortemente ao nosso anti-herói da história.
O fim nunca ninguém soube, uns dizem que ela morreu ao bater no chão, outros que a história não passa de invenção e para os mais românticos, que aquela tal menininha tornara-se personagem de teus próprios sonhos entrando no livro antes que chegasse ao chão.

2 comentários:

  1. Acho que o que ela descobriu foi a realidade. Na verdade, o livro estava em branco, e o que ela tinha que fazer era entrar no livro e "escrever" sua vida.

    ^^

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