segunda-feira, 15 de março de 2010

farewell.

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O Ministerio dos Blog's adverte: Devido a um texto muito grande e a um bom conselho de um amigo querido, acatei a ideia de colocar uma musica tema que tenha a ver ou nao com o texto que e lido. Como esse texto e demasiado grande indico logo um album para nao ter erro.
Hopes and Fears - Keane
=) obrigada.
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''A minha ultima visão do Rio foi quando virei para trás e vi a minha mãe chorando... não aguentei, chorei''. Parece que faz seculos desde quando as onze da noite numa terça-feira deixei dezenove anos e meio de historias no pause e dei play numa historia paralela a ela de exatos 90 dias vivendo em um outro cenário, com novas personagens, numa nova trama, mas com a mesma personagem principal, mas agora não mais Lais e sim Layz.
As vezes esqueço que estou aqui em Garberville-Califórnia-fim-de-mundo, três meses e muita coisa e ao mesmo tempo pouca coisa para se viver brincando de gente grande numa conjuntura nunca visitada por mim. Nunca achei que teria a forca que tive, que teria o jogo de cintura que tive nem que saberia lidar com questões que lidei de uma forma tao natural e madura que já não sabia que existiam em mim, mas que precisavam de um vale cor-de-rosa no por-do-sol, um rio azul calmo e marrom quando veloz, das montanhas verdes ao se observar de longe, das noites escuras e estreladas de madrugada e um céu branco pela manha para aflorarem nesse meu coraçãozinho com novas cores.
Somente quando se esta ''sozinho'' e que percebemos o quanto coisas de um passado recente nos faz falta ou saudade. Somente nesses lugares isolados nos damos conta que expressões tao usualmente empregadas no mesmo sentido tem significados tao diferentes... Sentir saudade por mais que pareca algo ruim se se acostumada com ela acaba se tornando algo bonito, um tipo de nostalgia gorda e fria que gostamos de lembrar e remoer na cabeça pequenas coisas como o meu quadro de fotos, o cheiro da cama da minha mãe, as ligações incessantes de amigas, idas ao barzinho, minha faculdade... Saudade acabou se tornando algo bom pra mim, já não dói mais, agora e só um sentimento bom causado por gostar muito de algo que veio antes, um sentimento ate saudável de se sentir. Mas há a falta... Falta não e legal. Falta não e como a saudade que só basta você contar para alguem coisas que passou, rir ou chorar que ta tudo bem... A falta não tem como tapear, você sente e ponto, não tem como substituir nem se enganar, a saudade você sente e não percebe, a falta você também sente, mas não consegue sossegar ate ter uma fagulha desse algo que te atormenta que pode ser tanto uma ligação quanto um recadinho no orkut perguntando como você esta.
Ta acabando... Alias, já acabou essa minha vida paralela que surgiu para mim como um bote salva-vidas no começo e um ''porque eu to fazendo isso mesmo heim?'' no final antes de vir para cá, porque a vida e esperta... Te prega peca quando você menos imagina, antes e depois. A peca preparada para mim eu não poderia ter pedido melhor porque não seria possível, um sorriso vem em meu rosto só de lembrar das coisas que vivi aqui, das pessoas que conheci, das experiencias as quais passei, das compras que fiz, das visões, de tudo mesmo. Foi... Divino. Uma das experiencias na minha vida mais maravilhosas e que nunca vou esquecer.
Cada pedacinho daqui tem a sua historia comigo e o mais bonito e que as pessoas que virão depois de mim não saberão que deitei neste canto direito da cama, não saberão que fui eu quem destruiu a lanterna do trailer numa batidinha de carrinho de golf, não saberão que fui eu quem limpou aquele quarto sujo e bagunçado pra caramba, não saberão que o canal 34 de clássicos me fazia companhia de manha, não saberão que a cortina da sala só pode ser aberta para baixo porque se aberta para cima pode emperrar, não saberão que os furinhos na cortina do lado direito do quarto são devido as fotos que pendurava ali, que a mancha no teto foi porque eu coloquei um incenso preso ao cartaz da Marilyn, que no chão da sala há um pontinho fundo no carpete por causa da goteira, não saberão do sapo fossilizado debaixo do sofá.
Rua G Avalon 78 trailer 76 tem ¼ da minha vida em 2010 e só agora botando assim no papel que me dou conta o quanto isso e tempo em relação a um ano. O Leandro um dia me disse uma coisa bem verdade desta cidade em que vivo: ''aqui não e um lugar para as pessoas ficarem, aqui e um lugar de passagem, o mais bonito e que elas vão e vem toda hora''. Garberville foi mais um nó na minha linha cronológica de acontecimentos marcantes e divisores de agua que não nos modificam e sim nos renovam. De alguma forma eu tinha que vir pra cá aprender, conhecer, evoluir e pensar...
Aprender a me virar sozinha, viver de mentirinha coisas reais da vida, aprender a ser Lais Carvalho dos Santos numa conjuntura onde ninguém me conhecia de verdade e tomar para mim que eu sou bem mais do que eu achava ser quem era. Conheci russos, argentinos, novaiorquinos, suíços, luisianos, canadenses, mineiros, guatemaltecos, mexicanos; pessoas diferentes que vou levar ótimas lembranças, coisas boas e ruins.
Evoluir como pessoa que sou, o ser menos ''aquela coisinha fofinha inocentezinha menininha'' e me tornando mais mulher de fato, não que eu tenha deixado de ser, mas agora de uma forma mais madura e racional, adulta que antes. E e claro, evoluir no inglês, ''impruvar'' como dizemos aqui também.
Conhecer lugares novos, conhecer novas pessoas, me conhecer de fato. E pensar... Pensar, pensar, pensar. O ócio de uma cidade de interior faz isso com a gente apesar de eu já fazer muito isso mesmo numa cidade grande. Pensar e ouvir, para ser mais exata, minhas 4993 musicas ''roubadas'' de todo mundo daqui. ^^
Ai ai... Ta acabando. Alias, já acabou. Não posso deixar de sentir uma dorzinha no peito ao olhar pela janela e ver pela ultima vez algo que provavelmente nunca ninguém que eu conheça vá conhecer. Parece que o magico desse lugar e ele ser de alguma forma um sonho bom, como se eu estivesse em coma... Perai, e se eu estivesse em coma e tudo isso não passasse de um sonho e que as pessoas do ''outro lado'' que conversam comigo pela internet ou telefone na verdade falam comigo no hospital como no filme ''Fale com Ela''?
Estou prestes a acordar... Parar de sonhar nos sonhos, voltar... A dorzinha volta só de lembrar, quem diria que aquela menina que no começo chorava de saudades e certas vezes nem entrava no computador para não ficar pior, agora e essa mulher olhando com olhos baixos a mesma cena sentindo saudades do que viveu desde o dia 15 de dezembro de 2009? Sabe... Acho que fui a única dos estudantes daqui que não pediu para ir para casa, das vezes que pedi, pois o trabalho tava um saco ou estava muito cansada me referia a minha casa daqui: Rua G Avalon 78 trailer 76. Estranho eu estar indo embora de casa para ir para a minha casa...
Saudade... Acho que vai ser esse o sentimento que vou levar daqui e que vou contar aos meus filhos como se fossem historinhas de ninar: sua mãe já andou de bicicleta numa alto estrada com caminhões imensos passando ao largo enquanto ela pedalava de encontro a eles, ela também já andou num rio de meias e jeans depois teve que fazer todo o caminho de volta pra casa no mesmo estado pois seu tênis apenas tinha uma semana, sabiam que ela já bateu de carrinho de golf duas vezes uma na grama e outra no próprio trailer destruindo a lateral, que ela e os amigos foram parados por um policial na auto estrada pelo limite de velocidade de 86 milhas por hora mais ou menos 145 km/h (não façam isso!), que ela e a amiga um dia abriram a janela da sala e dançaram antes de ir trabalhar fazendo um show para todo mundo que passava só porque estavam muito felizes, que após um dia de trabalho muito cansativo e estressante ela e mais duas amigas conseguiram rir bastante da situação e na volta para casa, como lua estava ''indecente'' de linda toda cheia e baixa, decidiram dar uma de malucas e invadir o campo de golf molhado pela chuva do dia anterior e ficar sentadas la conversando, vendo a lua e comendo as castanhas que sua mãe encontrou num quarto em que o hospede havia esquecido, que tinham vezes quando estavam muito cansadas depois do jantar e ainda trabalhando ela e a tia Alice traduziam musicas em português para inglês e ainda ensinavam aos gringos como canta-las assim como expressões fichinhas que estavam na boca de todos como os neologismos: vacuuar = de vacuum, aspirar; impruvar = de improve, aperfeiçoar; catch the way = pegar o jeito; cow hand = mão de vaca; go in one foot and back on another = ir num pé e voltar no outro; be with the monkey = estar com a macaca, dress the T-shirt = vestir a camisa... hahahahhahaha Very good = muito bom. Saudades já...
Vou levar comigo para sempre o ''finish for me'' do Humberto com suas mãos sempre se mexendo ''não tendo erro não'', sua fome de 20 mendigos e sede de 10 camelos e sua paixão, assim como a minha, por marcas... Marcas não, marcas ''pro xilindró''! Grifes! As mãos mais bonitas que já vi da Marina com suas musicas argentinas decoradas e a historia de amor mais linda (e real) que já ouvi na vida a qual quase peco a ela para adaptar e escrever sobre. A Raissa e o seu aniversario que nunca vou esquecer ate porque e o mesmo que o meu, das conversas sobre qualquer assunto e o sotaque que me pegou mais do que o americano como ''nu'', ''trem'', ''jacu'', ''barango'' e o ''sô'' que adoro. Vou lembrar sempre do Leo morando aqui em casa durante um mês e meio mais ou menos que de manha era sempre eu ou ele que fazia café da manha para a galerinha do mal daqui de casa, das conversas filosóficas da bíblia ao suicídio, de Pink Floyd a natureza, de coisas da vida a besteiras. E da Lice... Minha roommate topa tudo preferida ''pra caralho tres vezes'', de risos escangalhados antes de dormir a choros por raiva, de fazer dieta a tomar leite com Hershey's com chantilly com calda de baunilha e ainda de quebra um sorvete de creme, de ver tumor no Discovery Home & Health a desenhos no Disney Channel, a dupla infalível da Fadinha e a Anti-heroína!
Nossa... Que saudades eu vou sentir de chegar para fazer o lobby as sete da manha e escutar ''well, well, well (pausa dramática de uns dez segundos) morning-morning-morning'' como primeira coisa vinda do Kevin, o ''chato'' mais legal do Benbow; o famoso ''ladies'' bem lento e sarcástico do meu chefe Hugo sempre que a gente era pega em flagrante fazendo algo supostamente errado para ele ou quando em nossos days-offs morríamos de medo dele bater em nossa porta com aquele jeito que só ele batia para nos convencer a trabalhar quando não queríamos, mas assim mesmo assim trabalhávamos devido ao seu poder de persuasão incrível e nossa mão-de-vaquice; das vezes que ia no deck, na floresta ou o banco fora de casa para escrever e ouvir musica; das vezes que ia tomar banho no market (3140) mesmo com zero graus la fora e detalhe: de chinelo; da vez que de uma hora para outra o RV Park ficou rosa devido as flores de cerejeira que floresceram sem folhas; das sociais nos trailers dos outros comendo e bebendo as coisas dos outros na maior cara de pau; do pântano que surgiu sozinho na frente de casa; do coaxar dos sapos a noite; de só ter duas colheres em casa ao ponto de quando tomávamos sorvete eu e a Alice começávamos enquanto o Leo esperava uma de nos acabar para pegar a colher; das flores que cresciam na grama sem graça e que ninguém as arrancava de la; das pedras de Blair; dos queijos e vinhos ao som de blues e jazz ''très chic''; da botina de trabalho da Alice que a fazia cair todos os dias; da festa de despedida da Marina na qual eu (um pouquinho feliz demais) enquanto cantava uma musica que agora não me lembro cai na grama de maduro mesmo, ria tanto que demorei para me levantar e as meninas que estavam comigo riam tanto também e tava tao escuro que ate me acharem eu já tava toda suja de terra no chão... Good times.
São nomes como Bonnie, Tessa, Rachel, Carl, Jenna, Asheena, John, Rob, Robert, Michael, Emily, Sugey, Kevin, Cindy, Hugo, Camille, Ivan, Tatiana, Meg, Marguerite, Raul, Sean, Lonnie, Bambi, Kenneth, Jamie, Casey, Vanessa, Delbert, Steve, Dave, Cathy, Melissa, Mike, o outro Mike, alem do brazillian team e a nossa argentina preferida que nunca vou esquecer, uns não fazem ideia o quanto gosto mesmo com outros não simpatizando tanto assim com a gente, mas tudo bem, we ''dress the T-shit'' for all of you guys. Obrigada.
Esse lugar não existe... Onde mais eu tenho um rio de verdade (e limpo) quase na porta de casa, onde a maconha e quase e legalizada como a coisa mais normal do mundo, onde toda hora que olho para as arvores de cerejeira vejo pétalas rosas caindo, onde só tem velhinhos fofos e felizes com seus amigos e companheiros de viagem de trailer, onde tenho um por-do-sol lindo todos os dias, onde há pedras ao invés de areia branca na praia, onde há o pacifico, onde as arvores são gigantes porque o céu se apaixonou por elas e agora chora para que de alguma forma elas o alcancem, onde tem terremotos assustadores, onde a nossa diversão de cidade grande se baseia num único shopping a uma hora e meia da onde estou, onde você pode pegar o carrinho de golf e dar umas voltas por ai para treinar a direção (to muito melhor, juro!), onde a única coisa dublada que temos são os filmes baixados no computador, onde há dias de ''bolinho-day'', onde pude aprender mais sobre yoga, Deus e a ''bible'' querendo ou não, onde posso cantar Katinguele, E o Tchan, Angelica e Molejo ao tomar banho com a amiga e ainda receber elogios das mocas que esperavam a gente a acabar o banho dizendo que as musicas eram muito legais (…), onde de fato houve mais dias felizes que tristes.
Farewell morar sob rodas, farewell meu lugar dos sonhos, meu fim de mundo preferido. Nunca vou me esquecer dos seus dias azuis, brancos, cinzas e rosas, das suas pessoas simpáticas e áurea zen. Creio que e adeus mesmo, sei que nunca mais vou voltar para cá de novo, não porque eu não quero, mas de alguma forma eu sei que e a ultima vez... E triste tirar um pedacinho do meu coração e deixar sob o solo fofo das Redwoods, mas sei que o espaço vazio foi preenchido por novas cores, uma peca de quebra-cabeça que encaixa direitinho com tudo que vivi aqui. No lugar da Lais agora há também uma tal de Layz, essa nova Lais com o coração todo remendado por você Garberville-Califórnia-fim-de-mundo.
E chegada a hora de dar stop nesse sol oeste que agora ilumina o meu rosto e dar play novamente o outro lado do hemisfério, eu sei que vai ser saudade o que vou sentir quando olhar novamente para as fotos daqui ou ler esse texto que fiz mesmo mais para lembrar pelo menos de ¼ que passei aqui, vou relembrar deste meu dia sem botas, sentada em cima da mesa olhando o dia acabar de casacão enquanto sem querer deixei cair uma lagrima que borrou o ultimo paragrafo por essas palavras de adeus ao adjetivar esse lugar que vai fazer falta... Farewell. And thanks.

quarta-feira, 3 de março de 2010

o que você faria?

Nunca tive medo de morrer. Para falar a verdade acho que sempre soube que e uma coisa inevitável, afinal tudo morre. Não que me imagine morrer e ficar por isso mesmo na boa, acho que o que me incomoda e a dor e aqueles últimos segundos de consciência de quando você sabe que vai morrer, quando você tem certeza de que vai morrer, sabe?
O fato de não saber o que tem depois, o que tem depois de você fechar os olhos também me intriga, mas não me martiriza. O mundo desde o principio tem tentado decifrar tal questão cada um a sua maneira com Deus, Ala, Buda, Maomé, a Deusa ou quem sabe ate Zeus. Não julgo nem critico nenhuma, pois afinal quem tem razão? Não vou entrar numa questão religiosa ate porque não era esse o ponto onde eu queria chegar...
De uns tempos para cá venho sonhado bastante com o tema ''morte'', dizem que e prenuncio de ''vida'', que bom, mas o interessante e que não foram pesadelos, pelo contrario, foram sonhos ate que bonitos a sua poesia esquisita de sangue e acidente. Não tinham nenhum tipo de agonia e dor, uns ate eram bem interessantes como na vez que me vi dentro de um carro numa estrada e de repente ao olhar para o lado vi o mesmo carro capotado comigo dentro morta... Me lembro que voltei a olhar para a frente e fazer uma cara de: ''Ta..''. Era como se a minha alma tivesse dando um passeio por todas as minhas outras vidas e continuando... Seguindo a estrada porque e assim que funciona, ne?
O outro sonho eu estava num lugar onde ninguém podia me enxergar e me sentir, tocava nas pessoas e elas não me viam, falava com elas, mas mesmo assim não acontecia nada. Este espaço, me lembro, que era preto e branco inclusive as pessoas e o tempo, menos eu que me via de fora colorida. Não me lembro o que aconteceu depois, mas quando voltei a prestar atenção de novo no sonho o espaço tinha se colorido e o cenário não era mais de uma cidade cinza e sim algo bem verde com pessoas que eu conhecia correndo de um lado para o outro sendo que a cena anterior não reconhecia ninguém. Era tudo muito bonito e calmo, um verdadeiro céu.
O ultimo sonho, ate agora pelo menos, foi hoje. Foi quando me vi sentada num chão escuro e por mais que tentasse não conseguia ver meu rosto de fora como espectadora, eu estava no sonho vendo a minha mão com tatuagem, meu cabelo sempre caído no olho direito, meu dedinho do pé pequenininho... Enquanto isso escutava uma voz me contando historias que nunca tinha ouvido falar, mas que me dizia que eu era a personagem principal de todas elas. Não sabia da onde a voz vinha, mas nem por isso me assustava com ela, era calma e me fazia olhar para baixo do lado direito.
Para falar a verdade nem sei porque me deu vontade de escrever um assunto tao tabu, porque sim, convenhamos, e um pouco assustador e a pergunta ''o que vem depois'' já causou muito conflito e matou muita gente. Acho que sou uma pessoa muito impressionada ou criativa ao ponto de bastar alguem comentar um assunto comigo que logo viajo e crio historias com tal tema. Tenho para mim que tal tema veio a tona porque ontem vi o filme ''Uma prova de amor'' que fala disso; do desejo e inconformação da morte, no qual por curiosidade, choro pra caramba. Porque de uns dias para cá venho tentado escrever uma historia minha parada no tempo, ''Minha vida sem Lori'' que adivinhem... Fala sobre morte também. Outro motivo pode ter sido por uma conversa de dois dias atras com o meu chefe sobre 2012 e o apocalipse, de como o mundo já ta mostrando rachaduras (literalmente) e que uma hora isso tudo ainda vai acabar... Ok , não que eu concorde com isso 100% nem discorde totalmente. Desde que o homem se tocou de que supostamente ele e o maioral da parada e tem destruído algo bem mais poderoso e forte que ele, a natureza parece estar querendo ''se vingar'', oras, se nos incomodamos com um pequeno mosquitinho insignificante que suga nosso sangue sem a nossa autorização já damos logo um tapão... Imaginem como deve ser para a natureza na metáfora de um corpo humano ser retirado sem do cada pelinho como uma arvore derrubada, sujeira e coisas podres por todo corpo adoecendo a terra como nos lixos e dejetos que jogamos a cada segundo nela, fumaça e gás carbônico para um pulmão com câncer, total desrespeito sem se importar com as consequências... Também ne... Talvez a natureza esteja prestes a dar um tapão na humanidade, basta parar de sugar tanto sangue dela, somente o necessário sem abusar para não acontecer essa gangrena que esta agora. Falar e muito fácil, o difícil e conscientizar todo mundo a isso, da vontade de chegar la mesmo e dar um tapão na cara dos fulanos e dizer: ''Ohh meu filho, se toca, acorda!''. ^^
Eu e esse meu problema de falar e falar e não chegar de jeito nenhum. ''O que você faria?'' devem estar pensando que raios ela quis dizer com isso? Mais uma vez fui metódica e prolixa para chegar numa cena que na verdade poderia ter começado este post: o branco. Uns dias atras sai para trabalhar sozinha mais ou menos as seis e cinquenta da manha, num frio de se cortar os olhos e numa solidão difícil de explicar após você se ver ali sozinho caminhando no silencio de poucas onomatopeias enquanto tudo em volta de você dorme. Isso podia me incomodar antes, mas já estou acostumada. Passei pelo portal com a sua única lamparina acesa como se estivesse em Narnia, só faltava um fauno pular na minha frente e oferecer seu cachecol vermelho para o meu frio de bater os dentes. Foi quando eu segui a luz no fim do túnel e posso dizer que era branca como algodão e brilhava como o sol, de fato tal sensação não foi divina, o melhor dela e que foi real. Quando olhei para o lado e vi o céu todo branco e claro pelo sol e só com as arvores negras se destacando na sua homogeneidade difícil de explicar , um pensamento apocalíptico surgiu na minha minha mente sem querer: ''Sera que o fim do mundo e bonito assim?''. Me lembro que cheguei a pensar que não me importaria se fosse assim... Lindo.
Não eram nuvens mescladas umas nas outras, o céu estava simplesmente branco, opaco e claro de se apertar os olhos e as únicas coisas que se destacavam na tela em branco eram pinheiros escuros perfeitos, longe e perto, sem nenhuma falha, como se alguem as tivesse pintado ali mesmo. Cheguei atrasada no trabalho só por ficar olhando durante um tempo. E se fosse naquela hora? Quero dizer... E se o fim do mundo fosse ali, naquela hora?
Alem do dia 31 de dezembro de 1999 a meia noite e 21 de dezembro de 2012 não conheço mais nenhuma data certa para isso acontecer, apesar de eu não acreditar que o mundo vai fazer simplesmente bum! tipo ''do pó vieste, ao pó voltaras'', literalmente se tomarmos como base o Big Bang. Mas... E se... O que você faria? Tipo a musica mesmo...
Ficar perto da família? Dos amigos? Da pessoa que ama? Ouvindo musica? Fazendo o que gosta? Ou quem sabe se matando antes? Sabe... Isso pode ser um pensamento meio egoísta se você parar para pensar... Vai que a pessoa que você queria passar seus últimos minutos já tenha outros planos ou quem sabe se você se matar antes como ficam as pessoas que precisavam segurar a sua mão na hora? Que pensamento louco. Mas pensa só, ate que faz sentido. Cruel, mas verossímil.
Acho que eu não sei o que eu faria... Acho que primeiro ficaria frustrada de não ter tido tempo de conquistar e fazer coisas durante essa minha passagem por aqui. Por isso para que isso não aconteça visto a camisa Carpe Diem, só me arrependo das coisas que não faco, porque cada passo que você da não e por acaso, não existem coincidências somente o inevitável. Você escreve certo todos os dias embora algumas vezes as linhas pareçam tortas, tem que se aproveitar cada gotinha de chuva na volta da faculdade, cada medo que você não sabe nem da onde veio, a visão do mesmo rio correndo, cada musica que se escuta, cada viagem feita, cada presença e cada falta que certas pessoas podem dar. E como colecionar coisas eternas, e não para sempre. O eterno vai estar sempre la para você dar uma mexida e sorrir e chorar de novo, o para sempre e chato... Ele simplesmente esta la e você sabe que sim, o eterno estará sempre la, mas pode acontecer de você nem mesmo saber disso. De alguma forma o ''para sempre'' e finito e o ''eterno'' não...
Então! Para tal frustração nunca acontecer do ''e se...'' torno tudo meu eterno, cada decepção, cada exito, cada alegria, cada tristeza para que alguem que eu não conheço o rosto me conte num quarto escuro quem foi Lais Carvalho dos Santos e dizer que aquela pessoinha la cheia de defeitos e acertos um dia fez parte daquilo que esta dentro dela agora, mas que nem rosto tem.
Depois que saber que não há frustração em minha passagem por aqui acho que iria agradecer a Deus, Ala, Buda, Maomé, a Deusa ou quem sabe ate Zeus por tudo e a oportunidade de ter sido quem eu fui por ter conhecido pessoas, lugares e experiencias que somaram a isso.
Após o ''obrigada'' colocaria minha musica preferida que ainda não sei qual para fazer o que eu adoro uma ultima vez que e criar um roteiro numa cena de deixar qualquer diretor de Cannes morrendo de inveja. Porque vocês sabem... Minha vida tem trilha sonora e minha morte não podia ser diferente, ne?
E por ultimo... Acho que veria... Como vi no céu branco algo bonito, porque acho que deva ser algo no minimo bonito de se ver, afinal a morte e só mais uma passagem como entrar pela primeira vez no colégio, dar o primeiro beijo, passar no vestibular, ter um filho, perder alguem que ama... E todo mundo passa por isso e por saber disso acho tao normal e trato com tanta importância tanto que na maioria das minhas historias ela esta presente. Não e ruim, e só mais uma barreira a se ultrapassar, ninguém nunca me contou como e que e que funciona, mas também sei que ninguém voltou para reclamar.
E um sorriso... Fecharia a cena com um sorriso.