terça-feira, 29 de junho de 2010

novela da vida real.

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Seattle - Avishai Cohen Trio
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Nós sempre achamos que a nossa vida não mereceria um Grammy, ou um Emmy ou quem sabe até um Tony pelo simples motivo do cotidiano ser taxado erroneamente de chato. É a rotina de ir para faculdade, ou para a escola, ou para o trabalho enfrentando o Buda do comum que é o trânsito até esses locais, ócio nas tardes de domingo, e noites meio sem graças de quarta-feira onde dormirmos cedo só por não estar passando nada de interessante na TV.
Digam a verdade, se fôssemos Bruce Willis num helicóptero em chamas, Penélope Cruz nos filmes de Almodóvar, digitalmente desenhados em 3D ou Gene Kelly em Paris onde coincidentemente todos da cidade sabem cantar a mesma música não daríamos valor as pequenas coisas do dia-a-dia como um Oscar de melhor fotografia por perceber que a iluminação da sua rua está diferente só porque a maior árvore dela foi podada, um Grammy de melhor música tema em ir para o trabalho de ônibus ouvindo Avishai Cohen Trio, e um Tony na melhor atuação drama por brigar com a sua mãe. Isso tudo é tão... Comum.
"A vida é um palco" como bem dizia Charles Chaplin e os conceitos de mimesis, catarse e verossimilhança no Teatro onde a representação de algo ''comum'' causa um sentimento no espectador de identificação com a personagem. Acho que é por isso que almejamos tanto a tragédia quanto a comédia da vida, afinal ela é feita disso e segundo a ciência da psicologia nada mais normal do que esse processo de identificação e desidentificação com ''heróis'' nos quais nos parecemos, queríamos ser e que não desejaríamos de ter. Então essa coisa de não dar valor às coisas mais triviais do dia-a-dia é uma negação de tudo o que você vai ser e será, pois é assim que acontece, se não damos valor ao nosso próprio roteiro como teremos vontade de próprio dirigi-lo? Tudo começa por aí, em ser a protagonista ou a melhor amiga, em ser um diretor/roterista e com isso tomar as rédeas da sua própria história e detalhes visuais e de impacto que fazem toda a diferença na obra final.
São coisas triviais como o primeiro dia de aula do seu filho como na animação Procurando Nemo, conversar com os amigos bebendo vinho como em Sideways, terminar com alguém como em O Diário de Bridget Jones, ir a um show como em Quase Famosos ou ter um filho como em Junior, bem... Nem tanto assim, mas sei lá né? Todas essas representações que vemos através do cinema e teatro nada mais são do que inspirações do que já aconteceu com você, o que acontecerá ou está acontecendo, o que nunca irá acontecer, o que gostaríamos que acontecesse e todos os outros tempos verbais para isso, basta só nos tornarmos diretores/roteristas e principalmente personagens principais do nosso próprio roteiro para que no final possamos não concorrer no hall da fama do ''e se eu...'' patrocinado por Deus, Alá, Buda, Maomé ou qualquer outra entidade participante. Só não vale ficar triste como eu que quando completou 11 anos achou estranho a carta de Hogwarts não ter chegado... Mas quem sabe né? Ainda ninguém provou nada...
Na verdade sempre soube dessa auto-ajuda barata de quinta, mas me toquei melhor disso depois que conversei com uma amiga sobre uma história que ela quer fazer se baseando em todo o ensino médio da nossa escola, do primeiro ano ao terceiro de coisas que aconteceram com cada estudante real que estudou lá e eventos que envolveram eles e a escola em si. Porque sim! Houve coisas cotidianas, absurdas, divertidas, tristes e comuns que fariam Woody Allen morrer de inveja. Sempre há.
São histórias de amor cinematográficas de todo o tipo e para todos os gostos: as articuladas pelo destino, à primeira vista, à segunda vista, a la Jota Quest do ''porque o amor pode estar do seu lado", as de não ter uma história de amor cinematográfica, as tristes e longas, as felizes e curtas, as de nunca encontrar a pessoa certa, as de sempre encontrar as pessoas erradas, as de infância e as que ainda vão acontecer na continuação da franquia. São barracos históricos de amigos sem se falar, amizades sacrificadas, guerras frias, alfinetadas e momentos tensos que se não tivessem resultados tão desastrosos dariam grandes chances de se ganhar a Palma de Ouro em Cannes no quesito drama. São momentos comédia que vão do sarcástico humor inteligente às piadinhas sem graça comendo pizza, do humor negro ao escrachado durante uma aula ou mesmo sozinho em casa num sábado à noite e acontecimentos inteligentes onde o que não era para ser divertido acaba conquistando todo mundo.
Tenho certeza que você que está lendo se identificou com algum desses exemplos tirando o fato de eu ainda não ter mencionado os jantares em família como O Poderoso Chefão, ler algum livro como no O Clube de Leitura de Jane Austen, fazer sexo como no O Último Tango em Paris e o basicão de todos: dormir, como em praticamente todos os filmes que já foram produzidos. Escrevi este post ver se consigo introduzir pelo menos um pouquinho de valor na nossa própria existência meio sem graça às vezes porque não teremos um carro que vire um robô, ou muito dinheiro que nos faça virar um super herói ou poderes mágicos, o que é uma pena, mas sim valorizar a parte acessível a isso tudo que podemos construir para nós mesmos mesmo que soe um pouco surreal você imaginar certas missões para você durante o dia, afinal a vida é sua, você que decide qual gênero você quer para a sua própria história, depende apenas de você fazer dela um dramalhão xarope onde a mulher morre de fome no Tibete junto com a sua lhama, um filme comercial onde todos vão ver, um filme com conteúdo, um filme de comédia-romântica que já imaginamos o desfecho desde o começo ou quem sabe uma aventura eletrizante com carros super legais que fazem drift, mas aí é com o juízo de cada um...
A partir de agora dê mais valor às pequenas coisas a sua volta porque é delas que saem os diferenciais na hora de se escolher a melhor direção, atuação, roteiro, fotografia, trilha sonora e ''efeitos especiais'' que com certeza se não as tivesse vivendo, sua existência seria completamente diferente... Click.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

meio diferente.

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The Cinema Show - Genesis
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Há muito tempo não escrevo em você... Muitas coisas têm acontecido desde então e apesar da minha promessa em agregar a escrita à minha nova fase, só estou escrevendo quase um mês depois do último post... Em maio! Hoje é junho, 23 de junho e provavelmente o único do mês.
Não é que me tenham faltado assuntos para dissertar, mas é que a falta de uma brecha para por em palavras tudo o que eu penso em horas de ócio (acreditem) é o que me falta. No momento estou numa fase boa e nova que nunca tinha experimentado antes, como o estágio (pois é... estou estagiando pela primeira vez na minha área, não mais limpar privadas e falar good morning sir ou cortar foto no photoshop, apesar de eu também ter gostado de fazer isso, agora é só layout do briefing, a tirinha que eu tenho que preparar para a nova campanha e ficar na frente do computador esperando ordens), férias que na verdade não são férias (por causa do item a cima), uma briga com uma amiga querida (nunca tinha passado por algo tão sério), a falta de presença que tenho estado ultimamente com amigos e principalmente família (desculpem-me...), e namoro.
Pois é... To namorando. No começo era ainda esquisito eu falar para as pessoas que eu estava de fato namorando, afinal a vida de solteira me caia muito bem e eu estava acostumada com isso. Mas com o passar do tempo eu me desacostumei é ficar sozinha, namorar é muito bom, pois além de você ter uma pessoa para fazer certos tipos de coisa que não dá para fazer com todo mundo (XD), se têm as conversas sobre Jethro Tull a Atari, de coisas sérias da vida a Vatsyayana e de carne moída a cachorros; os telefonemas nas madrugadas com insônia; os filmes idiotas que fazemos piadinha depois e só nós entendemos e uma presença que faz toda a diferença na semana.
Pois é...
Minha vida esse ano de 2010 já deu uma guinada legal de coisas novas e que estarão presentes na retrospectiva 2010 em dezembro, acho até que estou fazendo esse texto porque li o post de 2009 no qual disserto sobre as coisas daquele ano e percebi que 2010 não está ficando para trás no quesito importância até agora pelo menos e olha que só estamos em junho... Uma curiosidadezinha - ontem eu estava de bobeira na frente do computador lendo algumas matérias no Wikipédia quando me veio na cabeça: “Qual será o dia da metade exata do ano?” “Humm”, pensei fazendo a conta de cabeça 365 dividido por 2 que é igual a 182,5... “Ok”, joguei no Wikipédia como primeiro chute o dia 30 de junho para ver se ele me informava se aquele dia era o 182° do ano... Não era, na verdade ele era o 181° dia do ano fazendo assim seu sucessor, o 182°, meu campeão. Dia 1° de julho ainda não é a metade exata do ano, mas sua transição com o dia 2 de julho sim, apesar de que se estivéssemos num ano bissexto aí sim seria a metade exata.
Enfim... Tudo isso para mostrar que falta pouco mais de uma semana para a metade do ano e eu já fiz muita coisa de lá para cá. Foram viagens, foram trabalhos, foram coisas na faculdade, foram amizades, fora o namoro nessa quase metade de ano que para falar a verdade achei que seria bem sem graça... Mas me enganei. Tudo bem que eu sinto falta da quantidade de filmes que eu assistia, do meu tempo livre todas as tardes, da minha disposição de fazer qualquer tipo de coisa não importando o dia que eu tinha tido, e de ir mais na casa do meu avô para almoçar, mas também nunca escutei tanta música quanto eu estou escutando agora, nunca viajei tanto em tão pouco tempo, nunca dei tanto valor em ir para o trabalho só observando a natureza para compensar um dia inteiro envolvida em concreto, nunca pensei que poderia me sentir tão confortável e querida por alguém que gosto tanto.
É... Confesso que ando reclamando de barriga cheia, aliás, de barriga lotada prestes a explodir, porque está tudo ótimo, mas ainda sim estranho quando alguma coisa não está dando errado e então coloco assim mesmo alguma barreira. É só me acostumar com a nova fase, porque como toda fase que a gente passa ela não é pior ou melhor, é apenas diferente.