terça-feira, 12 de maio de 2009

insônia regada a café.

Entre cafés e luas, a vida vai me seguindo com insônia, faz um frio gostoso que vem pela janela aberta enquanto ouço o barulho das motocicletas descendo a rua em alta velocidade por não ter mais ninguém na rua.
O barulho da noite é inconfundível, há a mistura do ar condicionado em algum apartamento, o som nítido de apenas um carro vindo na rua de trás e a cidade toda apagada e sonolenta enquanto escrevo aqui sozinha olhando a janela.
Sinestesia ocorre integralmente: o cheiro de café me lembra a visão do horizonte ao olhar para o mar; o barulho do computador, as madrugadas escrevendo capítulos e mais capítulos de histórias que ninguém conhece; a visão da lua me lembra o quanto é bom o meu travesseiro e por aí vai. Na verdade nem pretendia escrever, mas é que a insônia me pegou de surpresa e provavelmente não irei dormir tão cedo graças ao café, então resolvi sentar e teclar.
Sabe de uma curiosidade minha? Sabe aqueles minutinhos antes de dormir que ficamos deitados na cama só esperando o sono acontecer? A minha vida toda eu imaginei histórias, quando tinha oito anos e dormia numa beliche no mesmo quarto que minha irmã, contava a ela uma história na qual ela fazia uma personagem e eu as outras 467. Chamava-se “Telefone sem fio”, não me lembro bem o porquê, mas devia ser porque ficávamos cochichando até tarde pela fresta entre a beliche e a parede sobre uma garota que morava numa mansão branca numa linda cidade do interior com seu pai e empregados. Também não me lembro o nome da personagem e nem a da minha irmã, só sei que ela vivia com a avó num trailer (lembrei!) e se comunicava com a tal garota da mansão por um telefone sem fio interligado nas janelas dos quartos das duas. Uau, não tinha parado para pensar de quantos detalhes eu lembrava... Freud explica.
Cresci mais um pouco e minha história que batia no travesseiro se tornou “Garota do Castelo”, outra garota que morava somente com o pai só que agora num hotel em LA. Maldições, romances, Shakespeare e misticismo faziam parte desta história que na verdade tenho até hoje no computador. Pena que será outra história inacabada... Jung explica.
A partir desta vieram em enxurrada tramas e mais tramas de contos, poesias, histórias, romances, roteiros para cinema e até teatro. São poucas as que terminei, talvez eu até ponha algumas aqui, quem sabe?
Mas enfim, voltando ao assunto, na minha cabeça há apenas letras de músicas fazendo a trilha sonora do meu casal que nunca poderá ficar junto devido a uma maldição desejada por um deles para que ficassem juntos para sempre; aquele primeiro beijo dado no chão pelo mocinho que ao olhar finalmente para os olhos da mocinha descobre que ele estava ali por ela; a fotografia da mansão em chamas enquanto três jovens se abraçavam e cometiam suicídio conjunto; a última fala da personagem ao descobrir que sua vida toda tinha sido manipulada por uma conspiração...
O que eu estava me perguntando ao beber o último gole de café é: o que será que todas essas luzes que piscam ao olhar para fora fazem antes de dormir? Rezam? Pensam no dia de hoje, o de amanhã ou de ontem? Pensam em alguém ou algo? Naquela roupa que não conseguiram comprar ou naquele rosto que não conseguiram esquecer? Histórias para confortar ou em nada? Também pode ser...
Há quem bate na cama e dorme como uma pedra e há outros que como eu, se deitam às 23 horas e sabem que se acordarem às 6 só terão dormido apenas 4 horas. Há muito no que se pensar, há muito o que se esquecer. Será que estão interligados? Não sei... Minha teoria de saber o como você dorme na verdade reflete o dia ou a vida que você leva teria mais fundamento se não tivesse tomado o café... Agora estou elétrica demais, ativa demais, pensante demais com uma vontade louca sabe de fazer o quê?
Dançar. É isso ai. Dançar.
Ligaria a trilha sonora de Forrest Gump aqui se não fosse essa hora da madrugada. Mas meu refúgio me permite que eu ligue no volume máximo e dance como Fred Astaire e Ginger Rogers ou John Travolta e Olivia Newton-John dependendo só meu humor para a trama.
Mas olhando para essa lua cheia, ao som de Jeff Buckley e com esse frio bom, acho que escolho a primeira opção.

O que você quer fazer agora?
O que você pensa antes de dormir?
Pensa nisso.

2 comentários:

  1. Laís, que texto gostoso! Eu me deliciei mesmo na leveza com a qual você descreve suas histórias. Se essas que você compartilhava com a sua irmã são assim, imagine as outras que, um dia quem sabe, você irá postar.
    E você integra as músicas com a escrita de uma maneira extremamente relaxante. Deu até vontade de ver Forrest Gump!
    Quem tem o dom da escrita e o dom de passar o que se sente é você!
    Maravilhoso post.
    Mais uma vez, parabéns!

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  2. Lalazinha! Só pra avisar que mudei o endereço do meu blog! Agora é http://nanda-azevedo.blogspot.com/

    HAHAHA! Sou louca, eu sei! Mas o Nandinha tava me irritando! =P

    Te amo e amo amo amoooo seus textos! =D

    Bjooss

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