sábado, 20 de junho de 2009

Magical Mystery Tour - Capítulo 6

Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band

-Nós somos a Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band. Nós esperamos que vocês tenham curtido o show. Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, nós sentimos muito, mas é hora de ir.
Uma voz rouca ressoa por entre os gritos e aplausos numa espécie de circo armado no meio do nada à uma da manhã. O rapaz de cabelos claros sorri para a platéia como normalmente nunca sorriria para ninguém que conhecesse, estava em casa, o palco era sua casa e seus parentes e amigos aqueles rostos distorcidos que sabia que nunca mais os veriam.
-Billy, mais uma então?
Molly pergunta já alta e de cabelos bagunçados segurando o microfone como se fosse cair. Billy acena com a cabeça e vira-se para trás para avisar aos outros componentes da banda sobre saideira. -Acredito que vocês gostariam de saber que o cantor que vai cantar uma canção quer que vocês todos cantem juntos! Então deixem-me apresentar a vocês, o primeiro e único Billy Shears!
Molly levanta as mãos e se posta ao lado do guitarrista que ajeitava o microfone.
-Se acomodem e deixem a noite passar. Um, dois, três, quatro!
A música volta a tocar na lona e o público a se agitar sobre a grama úmida. Diversos rostos os olhavam com um fascínio compreensível, eram de fato a Sgt. Peppers! Fazia exatos vinte anos desde o nascimento da banda, tinha nascido junto com cada um dos quatro integrantes, podiam ter passado por algumas oscilações com o passar dos anos, mas sempre garantiam de levantar um sorriso onde quer que fosse.
-É maravilhoso estar aqui, é com certeza uma alegria. Vocês são um público adorável.
Walrus agradece reverenciando o público com a cabeça após a música ter-se encerrado. Realmente estava cheio, era de se esperar, estavam ainda no Reino Unido, ele pensa tentando imaginar como seria a aceitação nos outros países.
-Eu realmente não quero parar o show. Gostaríamos de levá-los para casa conosco, adoraríamos levá-los para casa. Só que não vai caber, vai?
Molly indaga ao baterista sóbrio demais para o grau de loucura dela e volta-se para o público dando de ombros após ser ignorada acenando com o microfone na mão causando interferência em toda lona. -Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band!
O público vai à loucura com os integrantes andrógenos, esquisitos e fascinantes que compunham a banda. A vocalista de cabelos rosa claro saía do palco escoltada pelo baixista engraçadinho enquanto o guitarrista recebia calçinhas e cartas de fãs apaixonadas pelo baterista misterioso também. A noite tinha sido boa, ótimo começo para a banda que havia saído pela estrada há poucos dias atrás.
Estavam agora na primeira cidade do percurso, Snowdonia, no País de Gales, área destino de andarilhos de todo o mundo. Frio apesar de ser primavera, mas quente pelo uísque que rodava em copos pela mesa de armar.
-Caramba, estou cansado.
Walrus esfrega seus cabelos ruivos e sujos encarando a noite estrelada com olhos de ressaca.
-Foi um ótimo show. Começamos bem galera.
-Ela nunca fica cansada?
O baterista sorri notando que Molly ainda tinha forças para rodopiar naquele ônibus amarelo parado perto do National Park. Billy levanta as sobrancelhas indicando com os olhos semicerrados um eloquente: “não, nunca”.
-Já temos planos para amanhã? Nós já vamos embora? Queria ir antes à Llanberis ou quem sabe à Betws-y-Coed, dizem que fazem festas que duram três dias!
-Desacelera Molly, são três da manhã.
-Que viagem esse dia! Ainda posso ver as pessoas, nunca tinha visto um show nosso com tanta gente.
-Estamos num festival para amadores, aposto que a maioria deles eram outras bandas que iam tocar lá.
-O cowboy e o seu pessimismo...
Molly encara os olhos azuis do rapaz com um cigarro nos lábios e completa:
-A felicidade é uma arma morna, meu rapaz, uma arma morna.
O garoto sorri irônico olhando para baixo e jogando a gimba do cigarro no chão, ele nota a fumaça ainda serpentear pelo ar enquanto em seu peito doía alguma coisa.
-“Arma morna”, não é?
-Sim.
Ela diz sorrindo.
Toc-toc-toc.
-Quem será?
Walrus se levanta do sofá de plástico verde e se encaminha até a porta sanfonada e enferrujada. Devido ao vidro fosco e roto ele não consegue identificar quem era, mas pôde notar de início que era baixo e...
-Não acredito.
Billy consegue dizer após aquela pessoa abraçar Walrus e ser atacada quando Molly chega para também abraçá-la.
-O que foi?
O cowboy pergunta para a cara inexpressiva que Billy fazia ao olhar para a garota de cabelos lisos e claros que sorria junto com os dois amigos.
-Prudence.
-Prudence! O que faz aqui, pequena? Nossa! Como chegou até aqui?
-Está tudo bem?
-Estou, estou ótima. Cheguei aqui de carona, foi bem fácil. Conheci um senhor num caminhão que...
-O que veio fazer aqui?
-Billy!
A menina encara o rapaz com os olhos brilhando de emoção. Billy Shears... Billy, ela pensa sentindo uma pequena vontade de chorar de tanta felicidade. Estava enfim junto com ele. Billy...
-Fala!
-Cara, não precisa gritar, Pru acabou de chegar.
-Vim aqui para ficar junto com você.
-Ai meu Deus...
Billy revira os olhos dando as costas para ela que de tão emocionada apertava as mãos contra o coração.
-Vim ficar com você, com os meus amigos, com a banda.
-Ótimo!
-Legal!
-Por mim tudo bem.
-Não.
Prudence volta-se para o rapaz deitado no sofá com ar de superior fumando um cigarro enquanto ignorava totalmente a presença dela ali.
-Porque não?
-Já disse que não.
-Por quê?
-Você não faz parte da banda, e já chega de tietes.
-Eu fiz as músicas que cantaram hoje.
-Nisso ela tem razão.
Walrus intervêm piscando para Prudence e a ajudando a colocar suas coisas na parte das malas.
-Grande coisa, somente as letras e vale lembrar que algumas delas são minhas.
-Mas são.
Prudence deixa a cargo de Molly e Walrus suas coisas enquanto corre ao encontro do metido à astro de olhos fechados.
-Billy, senti saudades. Vim aqui por você, quero dizer, por vocês.
A menina se aproxima das mãos dele quando ele brutalmente as retira e se levanta com raiva e impaciência.
-Faça o que quiser.
Dito isto ele sai do ônibus parando uns três metros à frente para observar o precipício mergulhado em trevas.
-Não liga para ele Pru. Sabe que o humor de Billy não é muito convidativo.
-Tudo bem. Ela sorri. –Ele ainda está chateado?... Por causa do fim do namoro eu digo...
-Que nada! Billy Shears é uma esfinge egoísta e indiferente. Não falou do assunto uma só vez, mas também não ficou sofrendo enquanto se deixava assediar pelas menininhas de umas quatro horas atrás.
Walrus comenta levantando um lençol para ela dormir enquanto Prudence deixava escapar um sorriso aliviado.
-Que cabeça a minha!
Molly segura Prudence pelo pulso a arrastando até o rapaz quieto de chapéu de cowboy e baquetas na mão.
-Vocês não chegaram a se conhecer não, não é?
-Não, acho que não.
Os dois respondem quase em uníssono.
-Querido, esta é nossa querida Prudence. Ela é lá de Liverpool também e faz parte da banda desde sempre.
As duas sorriem.
-Prudence compõe as letras enquanto Billy põe as melodias em cima.
-Oi.
-Prazer.

-E esse é o nosso cowboy do Dakota, baterista há um mês na banda e amigo há anos. Pru esse é Dan.

6 comentários:

  1. bua bua bua!
    nunca sei o que comentar nesses seus "capitulos"! talvez seja porque eu li os primeiros, =/
    bjus flor!

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  2. ops... correção: onde se lê "eu li os primeiros" sutilmente faltou um "NÃO" entre o "eu" e o "li". bjus (hahahahahahahaha...)

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  3. Então leia os outros capítulo ora ^^ Se você gosta de Beatles vai adorar, se não, bem, mesmo assim vai curtir também hahahahaha
    beijos

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  4. Cara, esse Billy Shears pra mim é muito atraente!
    Se ele realmente existisse seria um desafio pra mim. Sei lá, tem algo nesse personagem, além do fato de ele tocar violão, que me chama, que me envolve.
    Esse jeito dele... não me sai da cabeça a imagem dele tocando violão enquanto ignorava a namorada.
    Ai, ai... acho que me apaixonei mais uma vez por um personagem.
    Ele, sem dúvida, é o melhor de todos!

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  5. amiga, fico sem palavras a cada história sua que leio!
    queria eu escrever dessa forma...

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  6. Aqui de novo.


    Nossa. ótimo o capítulo!

    Legal ver, quer dizer, ler como as histórias deles se envolveram em uma só.

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